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In other words...

Tuesday 31 December 2013

2013 em números

6 - o número de padrinhos que tivemos no nosso casamento

8 - o mês em que uma das pessoas de quem mais gosto finalmente voltou do outro lado do oceano e foi a correr para Lisboa, para nos juntarmos todos num longo fim de semana de celebrações

9 - a quantidade de gente à mesa em casa dos meus pais nas não muitas ocasiões em que nos sentamos todos à mesa: pais, irmãos e marido/mulher/cunhados

11 - o número de meses que levei, desde que acabei de escrever um livro, até ter coragem de o publicar (apenas online)


12 - o mês de um grande sim que prolongar-se-á pelos próximos tempos

23 - a hora a que quero ir para a cama, mas em que começo a ter um fanico porque não o consigo nunca

25.05 - o dia do meu casamento, um dos dias mais felizes que já vivi, especialmente por ter sido uma festa como suspeito que não voltarei a ter: as famílias e os amigos todos reunidos, juntos por uma mesma razão - eu e ele


29.10 - o dia de dois grandes acontecimentos (especialmente para mim e para o meu afilhado) que, para já, têm trazido ótimas consequências

111 - o número do nosso processo de casamento

2013 - um ano que, para quem nisso acredita, poderia significar azar, mas que, pelo menos a mim, trouxe algo a que não sei se será justo chamar sorte, porque trabalhei e luto todos os dias para o alcançar. Será difícil dizer-lhe adeus, deixá-lo ir depois de tudo o que me ofereceu sem pedir nem levar nada em troca, mas atrevo-me a dizer, sem pretender desrespeitá-lo, que anseio por 2014.

Au revoir, 2013

Receei a chegada de 2013, não sem alguma razão: 2012 foi um ano tão fantástico, tão cheio de coisas boas, que dificilmente alguém acreditaria voltar a ter a sorte de mais 365 dias tão bons. Mas a verdade é que 2013 não lhe ficou atrás. Aliás, se compararmos as negatividades de um e de outro, este último ficou a ganhar largamente: até as idas ao hospital foram por muito boas razões (não, ainda não há bebés a caminho).
Este ano que passou foi mais ligeiro em termos de viagens, mas voltei a viver três dias na minha cidade, num estágio de lua-de-mel, e conheci um bocadinho mais deste país onde nasci e cresci e do qual aprendi a gostar tanto como se gosta de um bom livro.
Ganhei um marido a quem ofereci um par de sogros e uma catrefada de cunhados, enquanto que recebi a mesma quantidade de sogros (vocábulo que ainda não me habituei a usar) e um muito mais ínfimo número de cunhados. Fiquei a perder largamente até porque, na minha opinião muito pouco imparcial, os que lhe dei são de qualidade muito superior…
Foi um ano cheio de casamentos, de casais felizes, de lágrimas mal disfarçadas e de muita dança.
Perdi 4 quilos mas consegui recuperá-los (e que bem me soube!)
Ao fim de um ano, reuni toda a coragem necessária e, finalmente, publiquei online, o livro que escrevi.
Larguei, finalmente, um semi-emprego do qual não gostava nada, que não me preenchia e que estava muito aquém daquilo que gosto e sei fazer, para abraçar aquele que, sem o saber, foi feito para mim e à minha medida.
Descobri que, ao contrário daquilo que pensava, não é impossível nem, para ser honesta, verdadeiramente complicado, conectar com outras pessoas e deixá-las passar ao estatuto de amigos para além dos 20 anos. Dá mais trabalho porque há muita história para contar e muita história para ouvir, mas é uma das razões por que sabe tão bem.
Cheguei a um ponto de viragem da minha/nossa vida em que cada dia é um desafio, um entusiasmo, uma ansiedade positiva que obriga a sorrir, porque olhando quer para trás quer para a frente, é impossível não constatar que tudo o que conseguimos reunir com uma braçada é, sem qualquer dúvida, muito melhor do que alguma vez poderíamos ter sonhado.
Passou-se mais um ano e tenho a imensa sorte de poder repetir que sou feliz todos os dias. Se sou feliz a cada momento de cada dia? Hoje posso dizer que sim, sou. Porque por uma qualquer razão que desconheço (e graças aos morosos ensinamentos do meu marido) o que é bom na minha vida tem uma presença tão forte, tão poderosa, que sou quase incapaz de prestar demasiada atenção ao que não o é. Sorrio, sorrio mesmo muito, e rio quase tanto.
Que 2014, com todas as mudanças que promete, seja pelo menos tão bom como 2013. Melhor, se possível.

Feliz 2014!

Sunday 29 December 2013

Coisas que só me acontecem a mim - mas que não deviam (em constante atualização)




  • Baixar o braço com a graciosidade que me é característica e embater brutalmente com o cotovelo no vértice de uma gaveta aberta. O buraco sangrou pouquinho, mas o suficiente para manchar a roupa.

  • Descascar abóbora e cortar-me não na faca mas... na própria da abóbora.

  • Levar um murro na testa porque o meu marido se espreguiçou sem saber que eu estava atrás (na diagonal) dele.


  • Achar boa ideia usar a máquina depiladora para tirar os pêlos que unem uma sobrancelha à outra, por cima do nariz. E ficar queimada, como era de esperar, durante algumas semanas.

  • Pegar na raquete e na bola, no ténis, para fazer um serviço e apanhar com a bola direitinha na testa. Tal como acontece às crianças quando começam a aprender a jogar com raquetes.

  • Estar a andar no passeio e fechar os olhos enquanto contava três passos vezes três, para que algo que queria muito que acontecesse de facto acontecesse. Abri-los de repente ao sentir a mão arranhar-se impiedosamente no muro rugoso à minha direita, com duas filas de carros parados à minha esquerda. Não sou supersticiosa. Só tenho muito más ideias sangrentas.

  • Falar ao telefone enquanto caminhava e olhava para o lado (armada em super mulher multi-tasker) e embater com as partes baixas contra um pilarete no meio de uma rua cheia de gente. Doeu, foi humilhante, mas foi sobretudo hilariante. Para quem viu e para mim.

Tuesday 24 December 2013

Feliz Natal!


Hoje apetecem-me bolachas de gengibre, queijo da serra, pinhões, bacalhau com muito azeite, leite-creme, chuva, uma lareira, família, músicas de Natal, conversas, reencontros, presentes dados e recebidos, um beijo dele, chá, jogos de cartas, fotografias e a nossa árvore de Natal iluminada. Hoje apetece-me Natal.
Feliz Natal!


Sunday 22 December 2013

Jantar de Natal em família

Pertenço a várias famílias, todas elas interligadas, de uma maneira ou de outra. Tenho aquela no seio da qual nasci, que inclui os meus pais, os meus irmãos e a minha irmã e, agora, a minha cunhada e o meu marido. Tenho ainda a família mais alargada, que engloba os avós, os tios e os primos. Tenho a que construí só com ele, a que mais me orgulha porque é fruto da nossa vontade diária, só nós os dois. Tenho, desde antes ainda do casamento, a dele, dos pais, do irmão, dos imensos tios e primos. E tenho, também, a dos nossos amigos que, longe ou perto, estão sempre presentes quando é preciso.
Ultimamente já quase não sobram elementos na nossa cidade original, alguns emigraram dentro do país, outros para fora e ainda há mais a planear fazê-lo. No entanto, há um dia por ano, pelo menos, que nos obrigamos a passar juntos. Não é um dia fixo, escolhemo-lo de acordo com as disponibilidades de cada um, mas é um acontecimento que surgiu por acaso e agora tem uma importância inquestionável para cada um de nós.
Todos os anos fazemos um jantar de Natal em família, onde não podem faltar as melhores caipiroskas do mundo e arredores, as velas, as músicas de Natal, as fotografias e as gargalhadas intermináveis.
Hoje, uma vez mais, juntamo-nos porque tivemos a sorte de, algures, a vida nos ter juntado assim.

Thursday 19 December 2013

Passo a passo

Encaramos constantemente momentos decisivos, mudanças de rumo de relevância variável, assumidas de acordo com o estado de espírito com que as recebemos. O primeiro par de saltos altos, um novo furo na orelha, o dia em que decidimos emagrecer, o rapaz que conhecemos para ser nosso namorado, um amigo novo, um emprego, uma casa, um filho...
O mundo conjuga-se, incansável, para acalentar a nossa natureza de ser eternamente insatisfeito, que almeja sempre um novo patamar e, assim que o alcança, desfruta-o intensamente durante o tempo em que o entusiasmo sobreviver, até começar a sonhar com o passo seguinte, tendo em mira o próximo patamar.
Ciclicamente, giramos em picos de ansiedade e de estagnação de forma a, pouco a pouco, sairmos do mesmo lugar onde começámos esta viagem.
Há, no entanto, o momento suspenso da espera determinada. Queremos o sim, em último caso o não. Nunca o talvez.
Bem-vindos ao meu presente.

Tuesday 17 December 2013

O tempo certo


Fez na semana que passou anos que nasci um mês antes do previsto. Passei uma grande parte da minha vida sem prestar grande atenção a esse fenómeno, à exceção da noção convincente de que foi graças a ele que fiquei assim pequenina.
Até que, há cinco anos, por uma conjugação brutal de coincidências e acasos, o conheci. E percebi, então, o porquê de ter vindo mais cedo.
Se tivesse completado os nove meses de gestação teria nascido em janeiro e não em dezembro, logo, teria nascido no ano seguinte e não teria entrado para a escola um ano antes. Consequentemente, teria esperado mais um ano para entrar na faculdade e, tal como previsto, teria feito Erasmus no meu terceiro ano de faculdade. Como fiz. A diferença seria que o meu terceiro ano de faculdade não coincidiria com o quinto dele, o ano que ele escolheu para fazer Erasmus no mesmo país, na mesma cidade que eu. Não nos teríamos cruzado na mesma residência e não nos teríamos conhecido, porque enquanto ele estivesse a viver na minha cidade, eu estaria ainda aqui a sonhar com o ano seguinte.
Acredito que, no fundo no fundo, nasci para o conhecer, ainda que, para isso, tenha tido de prescindir de alguns centímetros.

Monday 16 December 2013

Sou bastante incapaz de andar com as unhas por arranjar - uma mania que me ficou dos verões passados com a minha prima, cujas unhas estavam sempre impecáveis. Embora não seja uma compradora compulsiva de nada, os vernizes, mais do que roupas, carteiras ou sapatos, são a minha perdição, porque há sempre uma tonalidade diferente, um acabamento inovador que ainda não tenho e a minha coleção lá vai crescendo e acumulando uma paleta de cores muito próxima do completo.
Ultimamente essa mania tem-se alargado a batons. Sempre usei lipgloss, mas nunca me duravam muito tempo nos lábios porque acabavam sempre colados aos cabelos. E, vá-se lá saber porquê, os dias em que pintava os lábios eram sempre ventosos. Até que descobri a magia dos batons, essa maravilha que basta aplicar uma vez de manhã e sobrevivem a beijos, a comida e a bebida.
Portanto, quando tive diante de mim a oportunidade de escolher uma qualquer prenda de anos, foi este saquinho que elegi para a minha não melhor amiga me dar.




Durante os próximos tempos não me posso queixar.

Saturday 14 December 2013

Sábado de manhã


O Porto é um dia de sábado de manhã com sol, em que se sai da cama diretamente para rua onde se tira o casaco porque, apesar de estarmos quase no inverno, está um calor atípico não abafado mas fresco. Passa-se pelo vendedor de castanhas, pelas lojas tradicionais abertas, pelos cafés fumegantes de aromas a um beijo doce e pelos edifícios novos e velhos que se misturam indiferentes à diferença de gerações.
O Porto não é uma cidade emblemática. Não deve haver ninguém que afirme não querer morrer sem ver a Câmara do Porto e a Avenida dos Aliados, sem passar na Rotunda da Boavista ou sem se debruçar sobre uma das pontes para ver o rio e as duas cidades. Não, o Porto é uma cidade carismática, com a sua idade avançada, orgulhoso de uma vida rica de passagens, de estadias, de descobertas e de vitórias. É uma cidade cansada e vibrante, luzidia e a preto e branco, cheia de sol e de sombras. É uma cidade de festa, de reencontros, de tradições.
O Porto pode não ser o rosto que recebe as novidades, os artistas famosos, as cadeias de cafés, de restaurantes ou de lojas de renome, porque prefere os recantos atípicos e acolhedores onde se entra e de onde não apetece mais sair, como a Casinha Boutique Café, uma outra dimensão de conforto sinestésico no meio da azáfama de carros, autocarros, pessoas e comércio. Um dos locais perfeitos para se passar uma manhã de sábado no Porto.

Tuesday 10 December 2013

Recados na net

Já todos nós tivemos vontade de escrever - e se calhar fizemo-lo mesmo - um bilhete ao vizinho de cima que martela com os sapatos no chão ao chegar a casa (ao melhor estilo do Bocage das anedotas), ou à vizinha que estaciona o carro tão colado ao nosso que nos obriga a entrar pela mala.
Sim, porque embora prefira a segurança de um prédio à de uma moradia, tenho preferência por vizinhos mudos e tetraplégicos.
Ao que parece, a moda dos post-it's na janela do carro ou no espelho do elevador é demasiado século XX, já ninguém usa. É o Hi-5 das vizinhanças, que foi visivelmente substituído pelo facebook destas andanças: os recados nas redes de net. Normalmente atribuímos à nossa net caseira um nome que nos ajude a identificá-la melhor do que os códigos que vêm de origem, tal como Marta e André, ou HeloKitty91. E há quem, para fazer as suas queixas, as escreva nesse campo do id.
Ora vão lá ver se não encontram na lista de redes disponíveis uma chamada a vizinha do 4ºD urra, não ri, ou os vizinhos do 6ºG já faziam terapia, ou, até, no 1ºEsq às 3ªas feiras às 21h15....
Para mim não funciona, que vou direita à minha sem prestar atenção às outras, mas um dia ainda tenho um amigo a tentar aceder à minha net no telemóvel e a entrar um bocadinho mais na minha intimidade.
Talvez seja essa a eficácia do método.

Saturday 7 December 2013

Break a nail

Esta semana imbuí-me do espírito Barbie, mas só consegui passá-lo para as unhas.

Verniz Le Petit Cliché Apuro + 3 in 1 Shine Kiko


Friday 6 December 2013

Peça de um puzzle



Tenho uma utopia já desde há alguns anos. Talvez tenha sonhado com ela, talvez a tenha apenas criado durante a adolescência quando me sentia uma incompreendida, talvez ainda precise dela de vez em quando. O que é certo é que penso muitas vezes em como seria ter alguém cem por cento compatível comigo; alguém que pensasse da mesma maneira que eu, que alinhasse nas minhas loucuras, que me deixasse deprimir quando é preciso, que não me julgue quando como de mais nem quando como de menos, que se ria das minhas piadas sem que tenha de explicá-las, que sinta tudo como eu.
De cada vez que partilho esta ideia com alguém, dizem-me sempre que seria uma monotonia, nem precisaríamos de interagir. Mas às vezes saber-me-ia bem este conforto.
No entanto, há um fenómeno na minha vida, transversal às suas várias etapas, que contradiz isto em absoluto: nunca fui muito capaz de me relacionar com pessoas da mesma área de estudos/trabalho que a minha. Para distanciar um pouco mais a identificação, dou-me maioritariamente com gente mais velha. Basta-me olhar à minha volta para me surgirem logo vários exemplos que o corroboram.
Quando comecei a trabalhar nesta empresa, com colegas equivalentes a mim, achei que seria, naturalmente, com eles que me daria mais, com quem partilharia experiências de estudo e trabalho, sobretudo por trabalharmos na mesma sala e por conhecermos as mesmas pessoas. Contudo, o que constato agora é que, por uma sucessão encadeada de enormes acasos, dei por mim a dar-me e a identificar-me cada vez mais com um grupo de gente que trabalha na outra ponta da empresa, numa área que em nada coincide com a minha e, para que o hábito não seja desonrado, tem pelo menos mais quatro anos do que eu.
O mais incrível é que, com tantas diferenças, com um fosso de idades que até podia tornar-se relevante, tendo em conta o estado da vida de algumas daquelas pessoas quando comparado com o da minha, sinto-me perfeitamente encaixada no meio deles, como se tivessem estado à minha espera e, ao ver-me, me tivessem puxado enquanto diziam "ah, cá estás, finalmente; ficas aqui, neste cantinho da imagem".
Não estou muito habituada a pertencer a algo, assim, logo à partida. E é essa uma das razões que me fazem encarar esta nova fase que acabou de começar com um ânimo que, de outra forma, não teria.

Tuesday 3 December 2013

Balancé


Sofro demasiado por antecipação. Não é uma coisa de agora, não aconteceu nada para que tenha passado a ser assim, simplesmente é, desde muito cedo. Sou capaz - e não são raras as vezes em que tal acontece - de dar por mim a chorar (não desalmadamente, mas a verter algumas lágrimas dolorosas) ao pre-sentir aquilo que sentirei se/quando alguma coisa acontecer. E essa coisa pode até nem acontecer.
Acontecia-me isto com a aproximação de um exame importante, aconteceu-me com a chegada da data da defesa do relatório, acontece-me com as entrevistas de emprego e com a possibilidade de ficar, por uma semana que seja, afastada do meu marido.
Uma pequena possibilidade começa a moer-me a cabeça e o corpo, não me larga, impede-me de a abandonar, deixo-a crescer de tal modo que dói por dentro e por fora. Antecipo tudo o que vai correr mal, tudo aquilo que poderia ter e que vou deixar de ter, imagino as responsabilidades e preocupações que não tinha e que vou passar a ter e é assim que acordo e me deito, enquanto essa indecisão durar.
Talvez fosse este o primeiro aspeto que alteraria em mim, se uma fadinha mágica me surgisse à frente com três desejos para me conceder.
Por outro lado, também sou menina de, perante a possibilidade de algo bom vir a ter lugar, embandeirar em arco e assumir que tudo vai correr não bem, mas da melhor maneira impossível. Crio expectativas brutais, daquelas tão elevadas que causam vertigens, e vou, assim, alimentando os meus dias de ilusões.
Talvez este fosse a segunda alteração que pediria à fadinha: deixar-me de extremos e saber encontrar um ponto de equilíbrio para tudo.