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Wednesday 29 May 2013

Bizarrices no percurso casa-trabalho-casa


Certamente haverá algo em mim que atrai todo o género de pessoas e de situações, pelo que não há uma só semana em que saia de casa e chegue a casa ao final do dia sem que qualquer coisa de estranho tenha acontecido, como um acidente, uma conversa bizarra ou uma abordagem interessante.
Antes de mais é preciso ter em conta que eu sou uma versão humana da Bela, porque estou sempre a ler, mesmo enquanto subo as escadas rolantes e, normalmente, paro no passeio durante o tempo que for necessário até acabar de ler o parágrafo em que estou, para não me perder quando voltar a abrir o livro.
Acontece que mesmo assim não há nada que impeça uma variedade incrível de pessoas de me pedir informações relativas ao funcionamento intermodal. Ainda ontem uma senhora chamou-me porque queria saber como carregar o andante com uma viagem. Expliquei-lhe. No final queixou-se de que as moedas não entravam, o que faço? E ficou mesmo à espera que eu, uma mera utilizadora da rede de metro, fizesse magia e corrigisse o que estava mal. Sugeri-lhe que chamasse alguém e fui embora.
Mas não foi a primeira nem segunda nem sequer décima vez que tal me aconteceu.
Uma vez tive o prazer de ser o alvo dos resmungos de um senhor porque tinha comprado duas viagens para pessoas diferentes no mesmo andante e aquilo só dava um bilhete. Expliquei-lhe que cada pessoa tinha de ter um bilhete e ele passou-se, dizendo que não fazia sentido nenhum e que devia estar indicado em qualquer lado.
Outra vez uma senhora perguntou-me em que estação deveria sair. Expliquei-lhe duas ou três vezes como chegar ao destino dela e voltei para o meu livro. Entrei no metro e ela sentou-se ao meu lado a repetir a lenga-lenga do percurso. Entrou uma senhora para o banco do lado e a primeira perguntou-lhe onde ia sair para poder saber como fazer. Achei que o meu tempo gasto a explicar-lhe algo tão complicado tinha sido mesmo muito bem empregue.
Há umas semanas estava a sair do trabalho, apressada para apanhar o metro, e uma senhora perguntou-me onde podia apanhar a carrinha que ia para uma-terra-de-cujo-nome-nunca-tinha-ouvido-falar. Disse-lhe que não fazia a mínima ideia e fiz menção de continuar a andar. Ela voltou à carga com um não será aquela ali em cima? Respondi-lhe que era possível, mas que não fazia ideia e pus-me a andar.
Talvez o meu problema seja ter um ar simpático, que faz com que toda a gente chatinha ache que sou a melhor opção para uns dedos de conversa no mundo monótono do trabalho.

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